Salários e direitos motivam greves <br>no sector privado

REI­VIN­DICAÇÃO Os tra­ba­lha­dores da Efacec, da Apapol, da So­mincor, da Ro­do­viária de Lisboa, do Hotel do Luso e da Eu­ro­essen, or­ga­ni­zados nos sin­di­catos da CGTP-IN, de­ci­diram re­correr à greve.

Os tra­ba­lha­dores sabem que só a uni­dade e a luta ga­rantem re­sul­tados

Na Efacec, mais de 200 tra­ba­lha­dores em greve reu­niram-se, na manhã de 27 de Ou­tubro, no ex­te­rior do pólo in­dus­trial da área da energia, na Ar­ro­teia (São Ma­mede de In­festa, Ma­to­si­nhos), onde de­correu uma acção pú­blica de di­vul­gação dos mo­tivos da luta. A greve, por duas horas de manhã e duas horas de tarde, abran­gendo também as ins­ta­la­ções na Maia (mo­bi­li­dade eléc­trica), foi con­vo­cada pelo Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores das In­dús­trias Trans­for­ma­doras, Energia e Ac­ti­vi­dades do Am­bi­ente do Norte (SITE Norte), para dar força à luta contra des­pe­di­mentos (sob a capa do «mútuo acordo») e al­te­ração de fun­ções sem con­sen­ti­mento e sem res­peito pela con­tra­tação co­lec­tiva, tal como a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios de tra­balho (com o «banco» de horas e ou­tras me­didas de «fle­xi­bi­li­zação»).
Um di­ri­gente do sin­di­cato e da Co­missão de Tra­ba­lha­dores ex­plicou à agência Lusa que, por via da acu­mu­lação de fun­ções, ocorre uma des­va­lo­ri­zação pro­funda do valor da mão-de-obra e um tra­ba­lhador deixa de ter um posto de tra­balho per­ma­nente. As me­didas, disse José Mar­ques, têm sido apli­cadas a co­berto da si­tu­ação de «em­presa em re­es­tru­tu­ração», pro­cu­rando obter res­ci­sões de con­tratos. A de­cisão de pôr di­rec­tores e che­fias a ela­borar uma lista de tra­ba­lha­dores «ex­ce­den­tá­rios» tem ser­vido para fo­mentar o re­ceio e a ins­ta­bi­li­dade, para co­locar em causa di­reitos con­sa­grados.
Na con­cen­tração usaram da pa­lavra, entre ou­tros, o Se­cre­tário-geral da CGTP-IN, Ar­ménio Carlos, e os co­or­de­na­dores da Fi­e­qui­metal (Ro­gério Silva) e da União dos Sin­di­catos do Porto (Tiago Oli­veira). A ex­pressar so­li­da­ri­e­dade, es­teve com os tra­ba­lha­dores uma de­le­gação do PCP, da qual fi­zeram parte Jaime Toga, da Co­missão Po­lí­tica do Co­mité Cen­tral, Mi­guel Vi­egas, de­pu­tado no Par­la­mento Eu­ropeu, e José Pedro Ro­dri­gues, ve­re­ador da CM de Ma­to­si­nhos.

Os tra­ba­lha­dores da Apapol (Ali­ança Pa­ni­fi­ca­dora de Algés, Paço de Arcos e Oeiras, L.da) estão a fazer greve todos os sá­bados, desde 23 de Se­tembro e até ao fim do ano, re­cla­mando o cum­pri­mento dos seus di­reitos, de­sig­na­da­mente quanto ao tra­balho em dia de des­canso com­ple­mentar. Exigem também que seja res­pei­tado pela em­presa um acordo sobre ma­té­rias pe­cu­niá­rias. Apesar de al­gumas das rei­vin­di­ca­ções já es­tarem até a ser apli­cadas, foi de­ci­dido manter a greve e re­a­lizar, no dia 28 de Ou­tubro, uma con­cen­tração no ex­te­rior das ins­ta­la­ções, em Linda-a-Velha, re­velou o Sintab.

Para hoje está con­vo­cada greve dos cerca de cem tra­ba­lha­dores da Eu­ro­essen nos re­fei­tó­rios do Ins­ti­tuto de Em­prego e de For­mação Pro­fis­si­onal (IEFP). Ao anun­ciar a luta – que se re­pe­tirá a 4 de De­zembro, mar­cando também no pró­ximo mês o pri­meiro dia útil após a data de pa­ga­mento normal dos sa­lá­rios –, o Sin­di­cato da Ho­te­laria do Sul lem­brou que os tra­ba­lha­dores, no pe­ríodo em que a con­cessão era da Sol­nave, ti­veram sa­lá­rios em atraso, sub­sí­dios de fé­rias e de Natal por pagar e ou­tros cré­ditos ainda por li­quidar. Só que, pro­testou o sin­di­cato, o Con­selho Di­rec­tivo do IEFP de­cidiu con­ces­si­onar os re­fei­tó­rios, desde 1 de Agosto pas­sado e du­rante cinco meses, à em­presa Eu­ro­essen, cujos só­cios e ad­mi­nis­tra­dores são mai­o­ri­ta­ri­a­mente os mesmos da Sol­nave.
O sa­lário de Se­tembro só foi li­qui­dado a 23 de Ou­tubro, si­tu­ação que os tra­ba­lha­dores não to­leram mais por parte da em­presa, exi­gindo também uma in­ter­venção do IEFP e ou­tras en­ti­dades.

No Grande Hotel do Luso (pro­pri­e­dade da Fun­dação Bis­saya Bar­reto, que criou uma em­presa para o gerir), foi de­ci­dido fazer greve por 24 horas, no sá­bado, dia 4, com con­cen­tração na porta de en­trada do pes­soal. Desde Março a ad­mi­nis­tração adia res­posta às rei­vin­di­ca­ções de cum­pri­mento de com­pro­missos as­su­midos pela en­ti­dade pa­tronal, au­mentos sa­la­riais, pre­en­chi­mento do quadro de pes­soal efec­tivo, pa­ga­mento do tra­balho su­ple­mentar e re­po­sição de di­reitos.

O Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores da In­dús­tria Mi­neira con­firmou a re­a­li­zação de greve na So­mincor (So­ci­e­dade Mi­neira de Neves-Corvo), de 6 a 11 de No­vembro, porque na pri­meira reu­nião após a gran­diosa acção de luta de­sen­vol­vida pelos tra­ba­lha­dores (greve de 3 a 7 de Ou­tubro), a ad­mi­nis­tração «con­ti­nuou a fazer de conta que não en­tende a na­tu­reza do con­flito (que ela pró­pria criou) e as me­didas que tem de tomar para o re­solver», par­ti­cu­lar­mente quanto ao ho­rário de la­bo­ração con­tínua no fundo da mina e no que res­peita à po­lí­tica de pré­mios, pro­mo­ções e pro­gres­sões, dis­cri­mi­na­ções, pressão e re­pressão sobre os tra­ba­lha­dores.
O STIM apontou o ca­minho da luta também nas Minas de Al­jus­trel. Aqui, a «for­tís­sima par­ti­ci­pação» num ple­nário geral, a 18 de Ou­tubro, e «o re­forço muito sig­ni­fi­ca­tivo da sin­di­ca­li­zação» cons­ti­tuem claros si­nais de des­con­ten­ta­mento com a ac­tual si­tu­ação nas minas e claras ma­ni­fes­ta­ções de uni­dade em torno de ob­jec­tivos co­muns.

Pela me­lhoria e uni­for­mi­zação dos sa­lá­rios e con­di­ções de tra­balho, o Sin­di­cato dos Tra­ba­lha­dores dos Trans­portes Ro­do­viá­rios e Ur­banos de Por­tugal anun­ciou uma greve na Ro­do­viária de Lisboa para o dia 15 de De­zembro. Para a mesma ac­ti­vi­dade pro­fis­si­onal (mo­to­rista), são hoje pra­ti­cados três sa­lá­rios di­fe­rentes: 635, 645 e 750 euros, re­fere-se num co­mu­ni­cado em que o sin­di­cato da Fec­trans re­corda os ob­jec­tivos que tem co­lo­cado à em­presa desde que foi de­cla­rada a ca­du­ci­dade do Acordo de Em­presa, mas a ad­mi­nis­tração tem sis­te­ma­ti­ca­mente re­cu­sado o diá­logo.

 



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